Por: Pr. Eliomar Corrêa de Jesus
- "Pastor, eu creio que o nosso amor acabou!" - Foi a frase proferida, há alguns anos atrás, pelo marido em um atendimento familiar dentro do gabinete pastoral, na frente da esposa.
Confesso que, por alguns segundos, fiquei calado, emudecido, diante da afirmação feita tão categoricamente por ele. Parecia um desabafo onde tudo foi jogado pra fora, como aquela cena em que o boxeador, de tanto apanhar, pede ao seu treinador: "Joga a toalha, pelo amor de Deus, para acabar a luta! Estou todo machucado, sangrando, quebrado! Joga a toalha, não agüento mais!".Após o atendimento fiquei muito incomodado o dia inteiro e, com sinceridade, a semana toda. Comecei a pensar: "será que o amor do casal acaba mesmo? Será que é isso que anos de convivência mutua produz? Será que os sacrifícios não valeram? Será...? Comecei a pedir a Deus que, se possível, respondesse as minhas perguntas e por um bom tempo o que recebi foi o silêncio de Deus.
Tempos depois fui convidado a celebrar uma cerimônia de casamento de um casal muito querido, que estava completando 50 anos de casados. Naquele dia, durante a cerimônia, eu resolvi fazer uma pergunta ao casal: "Na opinião de vocês, o que os levou a permanecer tantos anos casados sem que o amor acabasse?" Ele respondeu: "É porque eu não mereço essa mulher." E ela respondeu: "É que na verdade ele não é apenas o meu marido, ele é meu amigo, meu enfermeiro, meu irmão, meu conselheiro, meu..."
Duas coisas aprendi naquela noite e a primeira foi que todo favor, sem merecimento, realizado em nossa direção se chama GRAÇA. Foi isso que Deus fez por nós, foi isso que Jesus fez por nós, foi isso que aquela mulher fez, ela derramou sobre o seu marido graça. A outra coisa que aprendi é que o amor no início do casamento é como uma pedra preciosa bruta que possui muito valor, mas precisa ser lapidada com o passar do tempo para ser transformado em jóia de grande valor. E quanto mais o tempo passar mais valor terá, por causa da sua raridade, a ponto de produzir uma grande ADMIRAÇÃO. Aprendi que uma está ligada à outra. Quanto mais graça é derramada, mais admiração produz; e quanto mais admiração produz mais graça recebe. Creio que é essa relação que Deus espera de nós. Jesus disse, certa vez, que aquele que mais devia foi mais perdoado, e esse perdão, produziu maior admiração naquele, de quem foram apagadas as dívidas, para aquele que o perdoou.
Mark Baker diz: "Somos profundamente influenciados pelos nossos relacionamentos com os outros, precisamos deles para sermos saudáveis e completos ou doentes e machucados de acordo com o modo que desenvolvemos nossa relação." Creio então poder afirmar que o amor não acaba, mas ele é transformado. Alguns o transformarão em graça e admiração, outros o transformarão em um ringue de boxe. Haverá um tempo em que Deus transformará o seu amor em justiça e trará o julgamento para toda a humanidade. E nesse dia receberemos a sua graça maior e daremos a Ele toda a nossa admiração.
O desejo do meu coração é que você possa escolher o melhor para a sua vida e de sua família.
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